sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Mother! - Sem spoils, nem explicações

---- A vasta equipa de redacção do Varejador deseja aos seus leitores (todos os 4) votos de boas entradas (que na minha humilde opinião atingem o seu auge naquele pão alentejano a que se retira o miolo e se recheia com vários queijos) -----

Agora que estão as formalidades despachadas, meto uma imagem.

Em primeiro lugar, acho que o filme está óptimo.

Digo que o meu objectivo no comentário spoil-free é não dissolver nenhum dos ingredientes, causadores do trauma que carrego desde que o vi, na última noite de Natal. A circunstância temporal relevante (conhecendo temas de antemão) pode ter-me influenciado, mas diria que o motivo principal foi notar a coragem para criar uma obra controversa e de certo polarizada a nível da apreciação desde o minuto zero da sua concepção.

O objectivo de não dar explicações é que ainda não as sei concretizar. O Darren Aronofsky fez uma alegoria para abrirmos os olhos a

Uma Jennifer Lawrence e um Javier Bardem como Marido e Mulher, sem nomes próprios, que partilham uma Mansão isolada. Ambos excelentes um para o outro (ambos os actores excelentes, também), Ele esforça-se para escrever poesia e Ela para fazer várias reparações na casa após um incêndio que a danificou severamente. Ainda assim, é um filme de Terror.

Começa por bater-lhes à porta um outro Casal que se instala sem ponta de consideração pelos proprietários. Quebram as rotinas pré-existentes, a intimidade, os mais importantes bens pessoais.

Mais tarde, manifestam-se os Filhos deste casal, carregando uma rivalidade entre si que perturba o equilíbrio, a paciência e o recente estado de gestação dos donos originais.

Quem cresceu em Fátima e recebeu lições de de catequese da própria mãe (Mãe!), percebe que história é esta. Não é má, mas o livro é um bocado maçudo. 

No decorrer do Tempo e da acção, a chegada de novos "não-Convidados" ao Lar  aumenta o clima de ambiguidade da narrativa, fornece teorias mais divergentes nas metáforas que se associam aos motivos destes visitantes e presenteia uma ansiedade nos últimos trinta minutos que lembra o que aconteceria a um filme do Lars Von Trier em Crack.

Numa época com muitas produções com modelos ou arquétipos que preferem jogar pelo seguro, vão surgindo aqueles filmes (The Tree of Life, Only God Forgives e até o Get Out, que não é sobrevalorizado) que funcionam como um despertador para o sentido de gosto do público crítico e para as futuras intenções dos cineastas que trabalham para esse público.

domingo, 16 de julho de 2017

Baby Driver - A Diegese Sonora Como Elemento Visual


Edgar Wright é um mestre moderno. Com uma fornada de títulos bastante peculiares, que começou com o relativamente desconhecido A Fistful of Fingers e uma série de culto (Spaced), a notoriedade chegou em 2004 com Shaun of the Dead (cujo título em Português me recuso a pronunciar), uma comédia de zombies que servia como homenagem aos clássicos de terror, mas principalmente à saga de George A. Romero. A direcção, montagem, elementos de comédia visual e ritmo da obra chamaram a atenção e o resultado seria uma trilogia (conhecida como a trilogia do Cornetto), uma conversão com mestria dos graphic novels Scott Pilgrim vs. The World e uma mão no argumento de Ant Man.

Baby Driver surge como o primeiro título de Wright como argumentista a solo e o resultado é, mais uma vez, exemplar.
Baby (um improvável Ansel Elgort - A Culpa é da Estrelas, a saga Divergente) é um jovem com habilidade ao volante que, após ter roubado e destruído propriedade valiosa de Doc (Kevin Spacey), fica obrigado a "trabalhar" para este como condutor de get away de assaltos até pagar a sua dívida. A característica mais notável de Baby é a utilização constante de música para superar o tinnitus (ui! tinnitus? que é isso? vão procurar à wikipédia!) resultante de um acidente de infância.


Baby Driver é, mais uma vez uma criação exemplar de Edgar Wright, onde todos os pontos são tocados no sitio certo e, neste caso, literalmente! O filme é, em grande parte, uma sequência de acções coreografadas ao ritmo da música que Baby ouve. Cena inicial ao ritmo de Bellbottoms de Jon Spencer Blues Explosion sincronizada com o ritmo do assalto e limpa-pára-brisas! Tiroteio ao ritmo de Tequila? Sim, por favor! Ao contrário do que é habitual, a acção é motivada pela banda sonora e não o contrário. A grande parte da música é diegética, e isso ajuda a colocar o expectador no ouvidos de Baby e perceber que o seu mundo é feito em função da sua banda sonora.

Edgar Wright expande aqui conceitos que já vinha a utilizar desde Shaun of the Dead (a luta com o zombie no Winchester pub) e até mesmo desde Spaced e fá-lo de uma forma magistral, com a precisão de um relógio suíço. Wright usa mesmo auto-influências, se tivermos em conta que foi ele o responsável pelo videoclip de Blue Song, dos Mint Royale, em que Noel Fielding canta a canção no carro enquanto espera que os colegas terminem um assalto, enquanto se vai entretendo com os acessórios.


A montagem é, mais uma vez, um dos pontos fortes do filme, como já é hábito com Edgar Wright e ajuda a dar ritmo e fluência à historia. No entanto, ainda na tradição de Shaun of the Dead, o realizador brinda-nos de vez em quando com planos-sequência compostos, como é o exemplo da rotina de Baby, na sua demanda por café; um plano de mais de 3 minutos, com alguns "easter eggs" pelo caminho. De realçar ainda que as perseguições de carro são feitas na sua maioria com efeitos práticos o que ainda torna mais a acção mais realista e convincente.

O filme conta com um elenco notável, com actuações imaculadas, pelo menos na maioria dos casos. Ansel Elgort dá-nos o Baby cool e reservado de forma impecável, Kevin Spacey a fazer de Kevin Spacey resulta bastante bem e o homem nem precisa de se esforçar muito! Jamie Foxx mais uma vez a mostrar a sua versatilidade, no papel do tipo que toda a gente adora odear. Metam ainda Jon Hamm, Jon Bernthal, Eiza González (quem?), Flea (dos Red Hot Chilli Peppers) e temos obra feita.


Onde o filme perde um bocado, no entanto, é no argumento. Aqui o estilo é preponderante. A substância nem tanto. E isto é particularmente notável quando o interesse amoroso de Baby entra em cena. Lily James é Debora, a empregada de mesa por quem Baby se apaixona. Embora a relação seja perfeitamente plausível (mesmos interesses musicais), o desenvolvimento parece um pouco apressado e sem bases. Debora toma decisões bastante abruptas, que a podem pôr em perigo sem se questionar muito. No entanto, e apesar da história da película pecar um pouco por falta de conteúdo, isto não retira mérito ao filme.

Baby Driver combina música com o ritmo de acções na perfeição e só vem demonstrar que Edgar Wright está em forma e recomenda-se!

sábado, 18 de março de 2017

Eternal Sunshine of the Spotless Mind (O Despertar da Mente) - A Reverberação da Memória


Charlie Kaufman é um mago. Com 7 argumentos a seu cargo para longas-metragens, mais um telefilme e um punhado de episódios de séries, as suas obras primam pela originalidade e pela implausibilidade da narrativa, resultando no entanto em histórias que funcionam e cativam o espectador. É, talvez, o único nome da escrita actual que assume um papel mais importante que o do realizador. Depois de três filmes improváveis com duas nomeações aos Óscar pelo meio, Kaufman surge, em 2004, com Eternal Sunshine of the Spotless Mind, escrito em colaboração com o realizador Michel Gondry e Pierre Bismuth e que desta vez lhe garantiu a estatueta dourada.

Eternal Sunshine... é um bizarro drama que nos apresenta Joel Barish (um Jim Carrey fora do seu registo cómico habitual), um homem que, após ficar a saber que a sua ex-namorada Clementine (Kate Winslet) se submeteu a um procedimento neurológico para o apagar completamente da sua memória, decide também fazer o mesmo. No entanto, o procedimento revela-se mais complicado do que Joel esperava pois, há medida que os momentos a dois são apagados da sua memória, Joel apercebe-se que a sua relação não foi só feita de coisas más, mas principalmente de coisas boas e que também esses momentos serão apagados.


Eternal Sunshine... é uma obra exímia que resulta da colaboração de dois mestres do oficio: Charlie Kaufman na escrita e o francês Michel Gondry, realizador de videoclips de artistas como The Chemical Brothers, Bjork, Daft Punk, Beck, The Rolling Stones entre muitos outros, perito na arte da transformação visual recorrendo sobretudo a truques de perspectiva, ângulos de câmara e montagem. E Gondry usa a mente de Joel como uma montra de exposição para as suas criações. O cenário que se desintegra à medida que a sua memória é apagada, livros que ficam (literalmente) em branco numa livraria à medida que os dois protagonistas conversam ou recordações de infância com um Jim Carrey do tamanho de uma criança com Kate Winslet no mesmo plano (uma explicação mais detalhada da Cláudia Moreira), tudo isto é um autêntico festim para os olhos e para a mente.

Existe uma plena humanização dos personagens, numa história que é, no fundo, implausível! Joel e Clementine não são perfeitos e ao espectador não é atribuído um culpado para o fim da relação. Isso não é importante. O que é importante sim, é o nível de arrependimento que Joel sente ao se aperceber do erro que fez ao decidir apagar Clementine. Uma maneira superba de demonstrar que das nossas recordações fazem parte boas e más memórias e temos que aceitar ambas. E nós vivenciamo-lo desde o interior da mente de Joel, espiando até ao seu mais íntimo pormenor.


É também forte a mensagem que nos é passada de que as relações não são apenas feitas de bons momentos. As discussões, as diferenças de opinião, a descoberta de defeitos um no outro, tudo isto é comum numa vida a dois e, por vezes é preciso trabalhar e fazer cedências para que a relação resulte, não apenas esperar que tudo seja perfeito. Uma realidade realçada pelas sequências finais do filme.

Para além disso, Charlie Kaufman recorre aos instintos de afinidade do ser humano (se tal coisa existe). Após ambos terem a memória apagada um do outros, Joel e Clementine voltam a encontrar-se e voltam a "clicar" e iniciam nova relação, como anteriormente. Por sua vez, logo após o apagamento da memória de Clementine, esta inicia uma relação com um funcionário da clínica (Elijah  Wood) e a coisa não corre bem... A recepcionista da clínica (Kirsten Dunst), que teve anteriormente um affair com o doutor responsável pelo procedimento (Tom Wilkinson), volta a apaixonar-se pelo médico, apesar de ter sido sujeita também ao procedimento para o esquecer. Uma mensagem da persistência da memória que, no nosso subconsciente, uma pessoa marcante há-de sempre lá residir.


O filme joga também com as cores (do cabelo de Clementine) como simbolismo do estado da relação e do seu estado de espírito.
Do elenco faz parte também Mark Ruffalo e David Cross (Arrested Development).

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

The Lobster (A Lagosta) - A Monotonia da vida Feliz


Imaginem um mundo onde a sociedade pressiona as pessoas solteiras a encontrarem um parceiro e formarem uma família  para não morrerem sozinhas, para que não sejam postos de parte pelos seus pares! Ridículo, certo? Imaginem viver num mundo assi... Oh.... espera lá!

The Lobster (2015) é a primeira longa-metragem de língua inglesa do realizador e argumentista grego Yorgos Lanthimos (quem?) que, entre outros projectos, é responsável pelo singular "Canino"(2009). Apresentado num futuro distópico, The Lobster dá-nos a conhecer uma sociedade em que os solteiros enfrentam um destino não muito favorável: têm 45 dias para encontrar um parceiro, ou então serão transformados num animal à sua escolha.
Neste lote de desafortunados encontra-se David (Colin Farrell), recém-trocado pela sua mulher, que é enviado para um hotel onde deve encontrar a sua alma gémea. Caso não tenha sucesso, David quer ser transformado numa lagosta porque, segundo ele "chegam a viver 100 anos, têm sangue azul como a realeza e permanecem férteis toda a sua vida".


The Lobster é uma aguçada crítica à sociedade e às convenções que pressionam as pessoas a encontrarem um par para terem uma vida "normal". Os solteiros são aqui cidadãos de segunda, perseguidos pelas autoridades e olhados de lado pelas restantes pessoas. O destino que os aguarda, caso não consigam um parceiro, é a humilhação de viver como animal, eternamente postos de parte.

O filme é uma comédia negra, que leva o seu tempo. Com planos fixos onde nada acontece, a monotonia instala-se. Mas é uma monotonia com razão de ser. Os personagens são praticamente unidimensionais, muitas vezes com discursos mono-tónicos. Quase desprovidos de emoções, guiados por opções binárias (bissexualidade, que é isso?), os solitários procuram um parceiro, não com base na personalidade, mas sim numa característica em comum. No caso de David, a sua incapacidade de enxergar sem óculos.


Colin Farrell (mais gordinho) dá-nos aqui uma interpretação longe dos seus tempos de escolhas duvidosas *coughdaredevilcough*, com um David que não se distância muito do resto dos seus pares. Monótono, artificial, disposto a mentir a si próprio e a fingir ser uma pessoa que não é, só para conseguir "engatar" uma mulher. Aliás, David é o único personagem com nome próprio definido. O espectador nunca chega a saber a identidade dos restantes. E isso não interessa. É esse o objectivo.

Mesmo quando David resolve fugir e juntar-se a um grupo de solitários que também se escaparam, o panorama não é muito favorável. David pode agora masturbar-se (!!!), mas está impedido de qualquer contacto intimo com os restantes membros. A troca de um extremo por outro!


A genialidade em The Lobster passa por dar ao espectador tudo aquilo que ele não quer, mas que aceita de bom grado. A monotonia presente em todo o filme, a quase completa falta de emoções dos personagens, o tom artificial das suas representações, a música aborrecida e repetitiva ao longo das cenas do hotel, tudo isto serve para nos acentuar o absurdo desta sociedade, que na verdade não é muito diferente da nossa. As pessoas julgam-se por uma característica, em vez de um todo e o amor é puramente artificial.

Mesmo quando David encontra (ilegalmente) o seu par ideal (Rachel Weisz) no meio dos solitários foragidos, a sua relação é baseada numa característica comum: os problemas de visão! O final aberto deixa-nos pendurados, entre a escolha do sacrifício ou o egoísmo de David: em ambos os casos, trágico e absurdo!


O filme, que conta ainda com John C. Reilly, Léa Seydoux e Ben Whishaw, foi nomeado ao Óscar de melhor argumento e ganhou o Prémio do Júri no festival de Cannes.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Moonlight - Thug Life com música clássica

Então os Oscars são esta semana e o blog está mais parado que o D. Quixote do Terry Gilliam? Mentira! Reparem, isto não passa de uma fase contemplativa. Tal como um plano longo e estático reposiciona a atenção e as prioridades do espectador a ausência de actividade no blog também carrega uma carga criativa que reforça os artigos anteriores e profetiza os seguintes.

Se fossem pessoas decentes e viessem ao blog todos os dias este conceito mudar-vos-iria a vida. Enfim.

O Oscar de melhor título do ano vai para "In Moonlight Black Boys Look Blue". 

Três porções da vida de Chiron são apresentadas por actores de idades diferentes num registo próximo e documental.  Little é a alcunha de um rapaz negro e enfezado de 9 anos. Perseguido pelas outras crianças e negligenciado pela mãe que tenta esconder uma adição a crack minimamente comum nos bairros necessitados é encontrado por Juan, um traficante da zona que juntamente com a namorada, Teresa, ganham alguma responsabilidade pela criança.


A casa de Teresa tornou-se um ponto de refúgio para Chiron com 16 anos. No segundo segmento sofre a mesma repressão, desta vez no colégio. Afasta-se várias vezes da própria casa perante os abusos da mãe e vive cada vez mais preso dentro de si próprio. A sua primeira experiência homossexual deixa-o confuso e apático, levantando nele ainda mais uma sensação de irregularidade.


Com 30 anos, Black é um traficante em Atlanta. Apático e metódico, caminha nos passos de Juan pela importância, mesmo que passageira, que ele teve na sua vida. Recebe chamadas constantes da sua mãe, pedindo que a vá visitar. Quando recebe uma chamada do rapaz do seu passado regressa à Miami onde cresceu, criando agora ele, o desconforto de ser alguém totalmente diferente.


Apesar do título usar uma só palavra, a metáfora veicula todas as ideias do filme. Afirma temas seculares de preconceito e identidade sexual colocados num contexto que permite uma observação reformada mas real. E singularmente bela.

domingo, 1 de janeiro de 2017

A Passagem da Noite - A Inocência Perdida em Português


É difícil esclarecer ao certo o paradigma do cinema Português. Geralmente afastado do seu próprio público, as razões para este distanciamento não são claras, embora haja várias teorias do que poderia ser. Independentemente deste afastamento, uma coisa é certa: o cinema Português tem qualidade e está cheio de pérolas que poucos conhecem. A Passagem da Noite é uma delas.

Realizado e escrito por Luís Filipe Rocha, em 2003 e produzido por Paulo Branco, A Passagem... traz-nos a história de Mariana (uma magnifica Leonor Seixas), uma jovem de 17 anos que é violada por um drogado e, em consequência disso, fica grávida. A vida de Mariana muda por completo: afasta-se do namorado, dos pais, ao mesmo tempo que tenta lidar com a gravidez e com o bebé indesejado. Nesta tormenta, aparece um inspector da Judiciária (João Ricardo) que, ao mesmo tempo que investiga um caso de homicídio no qual o violador poderá estar envolvido, vai ajudar a jovem neste caminho.


A Passagem da Noite é um filme que é muito mais que uma história trágica. É a perda de inocência de uma pessoa e a sua passagem forçada e prematura à idade adulta. É o isolamento de uma miúda incutida no espectador. O filme começa e em poucos minutos parte-se para o mote principal. A rapariga é violada, off-screen, e o espectador só vê a imagem de um fígado a ser cortado por uma faca. É poderoso e eficaz. A partir daqui é uma descida ao isolamento da jovem e nós senti-mo-lo também. Mariana não conta a ninguém o que aconteceu, nem mesmo à Polícia, recusando identificar o violador. Acaba com o namorado, sem uma razão óbvia (para ele), ao mesmo tempo que é rodeada pelos pais que julgam a sociedade a torto e a direito. Para além disso, tenta ao mesmo tempo esconder a gravidez e abortar (sem sucesso), pois o bebé é uma recordação do que aconteceu.

Não é fácil abordar um tema tão delicado, principalmente quando o sujeito-alvo é uma moça de 17 anos, mas este filme fá-lo de forma sensível e convida o espectador a participar na dor da rapariga, como se fossemos nós os seus únicos confidentes.


Embora com alguns "buracos" no argumento (como é que uma pessoa consegue esconder uma gravidez de TODOS, até dos próprios pais, mesmo vivendo com eles?) e com uma relação entre o inspector e a rapariga que é bastante inadequada (coughstalkercough), A Passagem da Noite é cinema português que vale a pena ver e que poucos conhecem. O filme conta ainda com Maria Rueff, Ana Bustorff e um pequeno cameo de Virgílio Castelo e Rogério Samora!