quinta-feira, 16 de junho de 2016

"Abre los Ojos", estiveste a dormir o tempo todo?


Corre o boato que depois de Tom cruise ver "Abre los Ojos" a primeira que coisa que fez, ao entrar no carro, foi pegar no telemóvel e começar a negociar a compra dos direitos do filme espanhol.
A verdade é que quatro anos depois saiu o remake americano realizado por Cameron Crowe e onde Tom Cruise não é só o protagonista mas também um dos produtores executivos. Esta história fui suficiente para me fazer ver o filme. Os dois aliás. Mas não falemos de remakes.

César é um jovem adulto com uma vida de causar inveja a qualquer amigo. Milionário devido à herança dos pais e com uma cara bonita, é conhecido por ser o mulherengo que nunca dorme duas vezes com a mesma mulher (basicamente eu). Depois de um aparatoso acidente de automóvel César vê-se permanentemente desfigurado, a sua face fica irreconhecível devido à violência do embate.


Pela primeira vez  César olha-se ao espelho e não gosta do que vê. O seu aspecto, que até aqui era o seu melhor trunfo e fonte do seu narcisismo era agora motivo de repulsa e que o faz transformar-se num exilado. A alegoria do príncipe encantado transformado em monstro ganha um novo twist. A problemática social que o filme evoca era tão adequada em 1997 como actualmente, num mundo predefinido a olhar para as aparências em primeiro lugar.

Na sua essência, um filme de mistério, tem a originalidade no conceito e a coragem de criar segmentos narrativos não-lineares (pensemos Lynch) que retratam a paranóia e a mente quebrada e que por fim presenteia o espectador com um dos melhores "MindFucks" dos últimos anos.