segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CineCoa - "Um acto de resistência"


De 10 a 13 de Outubro de 2013 realiza-se, em Vila Nova de Foz Côa, o 3º Festival de CineCoa.
Destacado por ser um festival de cinema que surge numa pequena cidade do interior, o CineCôa dedica este ano ciclos a Luis Buñuel e à realizadora portuguesa Teresa Villaverde. O festival conta ainda com sessões dedicadas ao realizador canadiano Denis Cotê, desta vez estendidas a Lisboa e Porto.

O festival de cinema de Vila Nova de Foz Côa é um pequeno oasis cultural que se destaca dos grandes festivais das grandes cidades. Foi em 2011 que, quase sem querer, reparei numa pequena secção da já extinta revista Premiere onde se anunciava um festival de cinema realizado na cidade das gravuras rupestres. Foi com grande entusiasmo que acolhi a noticia, até porque Foz Côa é uma cidade não muito longe de onde eu vivo.
O CineCoa demonstrar-se-ia um pequeno festival cheio de grandes surpresas. Para começar, os convidados. Na primeira edição, os nomes que se destacaram foram os de Ludivigne Sagnier, uma actriz francesa e os convidados musicais, o grupo RED Trio, Tó Trip dos Dead Combo e o saudoso Bernardo Sassetti com Filipa Pais.

Foi uma experiência única. Ter o privilégio de ver no grande ecrã os primeiros filmes dos irmãos Lumière ao som de música original para o evento dos RED Trio, curtas de Charles Chaplin sonorizadas pela guitarra de Tó Trip e o momento alto do certame, ver a sala de cinema a encher para assistir à sessão de Maria do Mar, um filme português mudo, ao piano de Bernardo Sassetti e à voz de Filipa Pais. Ter a oportunidade de contemplar o belíssimo O Que o Céu Permite de Douglas Sirk, carta branca de Ludivigne Sagnier. O festival contou ainda com sessões dedicadas a Manoel de Oliveira.

A segunda edição não desiludiu e trouxe a Foz Côa o realizador francês Benoît Jacquot que teve em ante-estreia nacional o seu filme Adeus, Minha Rainha entre outras obras suas e o realizador argentino Lisandro Alonso. Para a sessão de filmes-concerto, a organização apresentou uma pequena pérola francesa, um filme de 1920 só descoberto nos anos 80, acompanhado ao piano desta vez por Mário Laginha. Esta edição contou também com uma homenagem ao então já falecido Bernardo Sassetti. O tema desse ano foi cinema e arquitectura e destacaram-se filmes como O Eclipse de Micheangelo Antonioni, O Desprezo de Jean-Luc Godard, O Meu Tio de Jacques Tati e o hilariante Nova Iorque Fora de Horas de Matin Scorsese!

Para este ano, o cartaz é talvez o mais apetecível, tendo na sua programação filmes como O Feiticeiro de Oz, Pinóquio, O Rio Sagrado de Jean Renoir e o filme concerto O Navegante de Buster Keaton. Para além deste títulos, há ainda os filmes de Buñuel, como Um Cão Andaluz, A Bela de Dia, Los Olvidados, Terra Sem Pão, L'Age D'Or, entre outros e ainda o ciclo Teresa Villaverde.

Para saberem mais sobre a programação e locais de exibição, consultem o programa em www.cinecoa.com ou aqui https://www.facebook.com/photo.php?fbid=547475488657379&set=pb.178056102265988.-2207520000.1380576162.&type=3&theater

Vale a pena experimentar se ainda não o fizeram, até porque os bilhetes são grátis!

O CineCôa é um festival que deve encher de orgulho a cidade de Foz Côa e a região do Douro e, como disse João Trabulo, organizador do festival, é "um acto de resistência"!

3 nunca é demais - Cinema asiático

Quem disse que o cinema asiático é aborrecido? Há muito para além de cinema asiático do que filmes de kung-fu e dos clássicos dos anos 50. Desta vez pretendo sugerir 3 filmes asiáticos recentes e acessíveis, encorajando as pessoas a abrir os horizontes para um tipo de cinema que marca pela sua singularidade.

Oldboy(2003)
Com o remake realizado por Spike Lee em pós-produção penso que esta obra-prima da última década irá ter, finalmente, a atenção que merece. O filme sobre um homem que é raptado e enclausurado durante 15 anos e depois libertado para procurar no seu passado os motivos que levaram ao seu aprisionamento combina perfeitamente acção, thriller e drama num clímax tão chocante como surpreendente. Destaque ainda para pormenores de realização geniais e uma banda sonora clássica que dá um tom único ao filme.

In the mood for love(2001)
Arrisco-me a dizer que é dos únicos filmes de romance em que os protagonistas não partilham uma única cena íntima e no entanto há entre eles uma química que raramente se vê. O filme que se foca num homem e numa mulher vizinhos, ambos sendo traídos pelo respectivo conjugue, e que decidem criar laços entre eles mas prometendo um ao outro que nunca fariam o lhes foi feitos a eles. Com uma fotografia excelente do mestre Christopher Doyle e uma grande banda sonora, como por exemplo Nat King Cole, o filme cria uma atmosfera única que o faz pertencer à lista de obras de arte do séc.XXI.

Infernal Affairs(2002)
A todas as pessoas que dissem que o "The Departed" é original eu gostava de dar um chuto no rabo. Não me levem a mal, o Scorsese é um génio, um filme está muito bem realizado e tem um elenco espectacular. No entanto quatro anos antes tinha surgido Infernal Affairs. Neste filme um policia infiltrado na máfia e um "rato" infiltrado na polícia tentam descobrir quem é o outro e assim deixar os seus superiores com uma vantagem, para uns o objectivo é parar o crime organizado, para outros é passar a perna ao departamento de polícia. Um filme de acção completamente imprevisível.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

RoboCop 2014 - Um remake (des)necessário


Vamos ver aqui uma coisa... Será que sou só eu que estou entusiasmado com o remake de RoboCop?

Ultimamente Hollywood tem-se deixado levar pelo comodismo e dedica-se a refazer filmes de sucesso ou à produção de sequelas. É a lei do menor esforço... se não há inspiração para uma coisa nova, utiliza-se o que já foi feito. Muito raramente é possível encontrar obras que surpreendem, mas geralmente o resultado final são filmes desinspirados, sem nada de novo, que facilmente se esquecem.
Então porque haveria RoboCop de ser diferente? Já lá vamos.

O filme original, de 1987, era um exemplar filme de acção, com Peter Weller no papel do policia cyborg, que promovia a co-existência entre homem e máquina. Se Exterminador Implacável de James Cameron, lançava um olhar negro sobre a tecnologia, RoboCop - O Polícia do Futuro harmonizava a relação homem-máquina. Robocop foi realizado por Paul Verhoeven, um cineasta que tanto tem no seu curriculum filmes de culto, como filmes que era melhor varrer para baixo do tapete!

Para este remake há desde logo um nome que se destaca: José Padilha. O realizador brasileiro responsável por duas das melhores obras que o cinema brasileiro recente já viu, Tropa de Elite e a sua sequela, dirigiu ainda o documentário Autocarro 174, obra exemplar na denúncia do abuso policial. Mas o "elenco" não fica por aqui.
O argumento, escrito a quatro mãos (demasiadas!), tem três nomes de referência. 1 - Nick Schenk, responsável pelo argumento de Gran Torino; 2 - James Vanderbilt, autor de Zodiac, de David Fincher; 3 - David Self, que transpôs de forma magistral a graphic novel Road to Perdition de Max Allan Collins e Richard Piers e que Sam Mendes realizou em 2002.

Se isto não chega pare me convencer, então não sei o que faltará.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Terceiro Passo e a Essência do Cinema


O Terceiro Passo (The Prestige) é um filme de 2006, realizado por aquele que já foi apelidado de Stanley Kubrick do século XXI, Christopher Nolan. “Entalado” entre os dois primeiros filmes da saga Batman do realizador britânico, a obra passou um pouco despercebida, embora tenha obtido o reconhecimento da crítica e tenha recebido nomeações para os Óscar de melhor direcção artística e fotografia. Baseado no livro de Christopher Priest, o filme, embora relativamente modesto em termos de produção comparativamente com as mais recentes obras de Nolan é, não só um dos seus melhores filmes (embora se possa afirmar isso de uma boa parte dos seus trabalhos enquanto realizador), como é também um filme metalinguístico que resume uma das características cinematográficas por excelência: a capacidade de surpreender o espectador.

O filme conta a história de dois amigos, Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale), ajudantes de um mágico profissional, que entram em confronto quando um dos truques corre mal e a mulher de Robert morre devido a um erro cometido por Alfred. Após este incidente, os dois ex-amigos seguem caminhos separados e tornam-se mágicos por conta própria. Angier conta com Cutter (fabuloso Michael Cane), um engenheiro que é responsável por lhe desenvolver os dispositivos para os truques. Borden entretanto arranja uma família e um truque que, embora não tão vistoso, consegue maravilhar o próprio Angier. Tudo isto serve de motor para a obsessão que Robert desenvolve para se vingar de Alfred e tentar descobrir o segredo do seu truque.


Enquanto filme a obra é notável. Com uma história de obsessão que leva Angier ao isolamento, O Terceiro Passo conta com um elenco sólido que inclui também Scarlett Johansson, Rebeca Hall, Andy Serkis e David Bowie no papel do rival de Edison, Nicola Tesla. O espectador compreende o que leva Angier a querer-se vingar de Borden, mas depressa percebe que essa vontade, inicialmente movida pela morte da sua mulher, gradulamente vai sendo substituida por uma obsessão egocêntrica centralizada na ruina de Borden e na busca do segredo do seu grande truque aparentemente fisicamente impossível de concretizar. Mesmo com algumas falhas no argumento (a máquina de Tesla, o soterramento aparentemente inofensivo de uma personagem), o filme não perde a sua força.


Mas é no seu mote ilusionista que reside o grande trunfo de O Terceiro Passo. A obra é tanto um película acerca de magia como o é acerca do próprio cinema. Durante o filme, através da narração de Cutter, é-nos dado a conhecer os três passos de um bom truque de magia: primeiro a apresentação do truque, depois a ilusão propriamente dita. No final, para que o truque deixe o público maravilhado, é necessário o terceiro passo, ou seja, o prestígio (daí o nome The Prestige) em que se revela ao público algo inesperado. Estes pontos servem de analogia ao cinema e ao próprio filme, com um final surpreendente. São as palavras finais de Cutter que resumem a essência do cinema: ...now you're looking for the secret. But you won't find it because of course, you're not really looking. You don't really want to work it out. You want to be fooled. E é pois assim. Tanto na magia, como no cinema, o espectador é enganado e quer saber o segredo. Mas não o quer realmente encontar, pois isso estragaria a ilusão. O espectador quer ser enganado. E este filme fá-lo de uma maneira como poucos conseguem.

sábado, 14 de setembro de 2013

Pérolas Escondidas - Short Time (1990)


No capítulo "Filmes Jeitosos Que Mereciam Mais Atenção, Mas Aos Quais Ninguém Liga Pevas", surge um pequeno filme de 1990, intitulado Short Time, com o título português O Polícia Suicida... por isso vamos ficar-nos pelo título original, pode ser?

Short Time centra-se em Burt Simpson (Dabney Coleman), um policía calculista à beira da reforma, que não gosta de arriscar demasiado. Burt tem tudo calculado: as suas poupanças, a sua reforma, a ida do seu filho para Harvard. Burt não arrisca a sua vida nem a do seu colega Matt (Ernie Dills) na perseguição de um criminoso. Isto até ao dia em que, devido a uma troca de amostras de sangue para análise, Burt descobre que tem uma doença terminal e que tem poucos dias de vida. Preocupado sobretudo com o futuro da mulher e do filho, Burt acha que a única esperança para a família é o dinheiro do seguro de vida enquanto Polícia. No entanto, para que esse dinheiro seja pago, Burt tem de morrer em serviço e claro que o suicido (explícito) está fora de questão. O homem que era então cioso da sua segurança, passa então a agir de forma intrépida e impulsiva na perseguição e captura de criminosos de modo a falecer em serviço.



Realizado por Gregg Champion (quem?), actualmente mais dedicado às produções televisivas, o filme é uma interessante comédia negra ("Infelizmente Burt... isto não é cancro.") que leva o mote "vive cada dia como se fosse o último" à letra. Embora falhe como comédia, pois só aqui e ali se encontram cenas verdadeiramente divertidas, a mensagem de Short Time consegue ser transmitida de forma relativamente eficaz, ou seja, não devemos viver a vida de forma demasiado comodista e calculada, também há que arriscar um bocado.

Com um elenco modesto, o nome que mais se destaca é o de Joe Pantoliano, com um pequeno cameo, se bem que na sua maior parte os actores conseguem dar conta do trabalho, tirando talvez o vilão principal, interpretado por Xander Berkeley (quem?) que aqui aparece como uma caricatura do mau da fita clássico de comédias chunga, demasiado apatetado. Há a destacar também a perseguição de carro que, sem parecer exagerado, é uma das melhores jamais postas num filme e o facto de conseguirem inventar uma doença auto-imune (Cortina de Wexler) e explicarem-na de forma tão convincente que podia muito bem ser real.



Short Time é um filme que está longe de ser uma obra-prima, mas que é eficaz e é daquelas peliculas obscuras que mereciam um pouco mais de reconhecimento. Quando puderem, dêem-lhe uma oportunidade.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

American Psycho (2000)


Bret Easton Ellis sempre foi um autor destacado... pelas melhores e piores razões. Autor de alguns dos livros mais polémicos que a literatura norte-americana já conheceu, publicou em 1985 a sua primeira obra, Less Than Zero, seguido de The Rules of Attraction (1987). Em 1991 surgiria com a sua obra mais conhecida, American Psycho, que abordava o mundo corporativo e executivo da segunda metade dos anos 80, com muito sangue pelo meio.

Depois de lerem a obra e terem ficado convencidos que ali tinham material cinematográfico, os produtores Edward R. Pressman e Chris Hanley chamaram a realizadora Mary Harron para assumir o leme da realização, depois de Hanley ver um pequeno filme seu chamado I Shot Andy Warhol (1996), e ter ficado impressionado com a acuidade na recriação do ambiente de época dos anos 60. Para o papel principal de Patrick Bateman, foi escolhido o britânico Christian Bale, que se tinha notabilizado no Império do Sol (1987) de Steven Spielberg. Nascia assim, em 2000, American Psycho em filme.



Patrick Bateman é um bem sucedido vice-presidente de um poderoso banco. Embora Bateman tenha uma vida onde nada lhe falta, ele não está totalmente satisfeito. Com uma namorada deslumbrante (uma improvável Reese Witherspoon), a sua secretária pessoal (uma ainda mais improvável Chloë Sevigny) que gosta dele secretamente e o seu grupo de amigos e colegas de profissão, Patrick almeja algo mais. Quando olha para o seu colega Paul Allen (Jared Leto) e nota que ele é mais bem sucedido em praticamente tudo, Patrick não aguenta e decide matá-lo. Começa assim uma espiral de violência que vai levar Bateman ao limite da loucura.




American Psycho é, acima de tudo, uma obra inteligente. É uma crítica ao mundo empresarial e aos altos executivos que usam e abusam do seu poder, aproveitando-se dos demais elementos da sociedade e até dos próprios colegas. Os assassinatos ao longo do filme podem ter uma mera carga simbólica, representando chacinas sobretudo morais, infligidas pelo abuso de poder.

A nível de realização, o filme está exemplar, com planos apropriados a cada cena, reforçando muitas vezes a face do protagonista, transmitindo ao expectador aquilo porque Bateman está a passar e as suas reacções frívolas.
Com uma forte aposta na música de época, para além de vermos o filme, podemos também retirar prazer ao ouvi-lo, ao som de nomes como New Order, Phil Collins, Robert Palmer, Whitney Houston, Katrina & The Waves e, claro, o metalinguísco "Hip to be Square" de Huey Lewis and The News.




Carregado de simbolismos, o filme centra-se na obtenção de estatuto, sobressair entre os seus pares e na manutenção das aparências para tentar pertencer ao meio. Numa cena que é tanto simbólica como hilariante, Patrick tenta impressionar os seus colegas com o seu novo cartão de apresentação. No entanto, quando descobre que o cartão de cada um dos seus colegas é melhor que o seu, Patrick passa de orgulhoso a rebaixado e olha para o melhor cartão, o de Paul Allen, como se fosse uma mulher extremamente atraente que ele nunca poderia ter. O filme tem conteúdo sexual, mas de modo inteligente, as cenas são tudo menos sensuais. Reforça-se sobretudo o egocentrismo da personagem nas suas "performances" e o modo como Bateman abusa das mulheres em causa.
American Psycho, considerado por alguns como um slasher movie, é muito mais que isso, é uma crítica eficaz com divertimento mordaz.

Ainda que não tenha tido muita notabilidade quando estreou, o filme veio ganhando estatuto ao longo dos anos e hoje é considerado um filme de culto com um bom número de seguidores.
Com um elenco notável que inclui também Willem Defoe, Justin Theroux, Josh Lucas, Bill Sage e Matt Ross, American Psycho é uma obra exemplar, ainda que modesta em financiamento (a maoria do orçamento foi utilizado no licenciamento das músicas) e com um final surpreendente, aberto a mais que uma interpretação. É cinema no seu melhor estado!


sábado, 7 de setembro de 2013

3 nunca é demais - New Sci-fi

Ora boas meus cavalos do esgoto. Com esta crónica quero falar de três filmes, três sugestões que faço sobre determinado tema. Não são críticas nem pretendo analisar exaustivamente.
O tema pode ser da minha autoria, mas sintam-se livres para dar sugestões sobre o que gostariam de ver.

Na inauguração escolhi abordar um dos meus géneros preferidos, a ficção cientifica, mas uma ficção científica recente (década de 2000) que não se reduz só a explosões e carros que se transformam  em guerreiros robóticos.

District 9

Realizado por Neil Blomkamp, "afilhado" de Peter Jackson, o filme sobre um responsável da recolocação de seres extraterrestres tecnologicamente mais evoluídos de uma favela na África do Sul, o distrito 9, para outra acomodada às suas necessidades tem uma um guião original, uma realização muito boa, de destacar a câmara à mão, e uns efeitos visuais ao nível de qualquer blockbuster. Destaco ainda a actuação de Sharlto Copley e o número de vezes em que ele diz a palavra "fuck". Uma sátira ao ser humano e de como ele reage a todos os que são diferentes.

Moon
Com um orçamento de 5 milhões (bastante pouco para uma longa metragem deste calibre) o filme realizado por Ducan Jones, filho de David Bowie, surpreendeu todos os espectadores com as suas reviravoltas, banda sonora hipnotizante e com a sua mensagem adjacente. Com Sam Rockwell e KevinSpacey a "emprestar" a sua voz ao computador de bordo somos inseridos numa estação espacial onde um astronauta comanda as funções de veículos que recolhem um minério na lua e começa a duvidar da própria realidade em que está envolvido. Um filme em que são vistas inúmeras referências ao clássico "2001-Odisseia no Espaço" e que nos questiona sobre os limites éticos do avanço técnologico.

Mr. Nobody
Talvez o menos Sci-fi de todos eles é verdade, mas a película escrita e realizada por Jaco Van dormael destaca-se por certos pormenores que faz do futuro. Neste futuro Nemo Nobody é o último mortal numa sociedade que desenvolveu tecnologia para viver para sempre, e nos seus últimos dias de vida (com 118 anos) conta a um jornalista todas as suas vidas. Vidas? exactamente, é que ele conta o que aconteceu em cada lado da moeda das decisões que tomou. Então descobrimos como estas decisões influenciaram a sua vida futura. Um filme sobre o destino (ou ausência dele), sobre a desumanização da sociedade e sobre as escolhas que cada um de nós fazemos.





sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dicionário de Cinema para Snobs - "Tudo o que precisa de saber para fazer de conta que sabe"



Dicionário de Cinema Para Snobs é um livro tão instructivo como divertido. Da autoria de David Kamp e Lawrence Levi, o pequeno livro é basicamente tudo aquilo que precisa de saber para fazer de conta que sabe sobre cinema!

Organizado como um dicionário, o livro explora os temas mais obscuros, como mestres do cinema de série B, até aos auteurs do cinema mais artístico. Descubra porque é que uma comédia mediana como O Insustentável Peso do Trabalho é um filme de culto, porque Pauline Kael foi a crítica mais influente de sempre e a semelhança entre a Nouvelle Vague francesa e os Easy Riders, Raging Bulls americanos.

Com listas que têm tanto de intressante como de inútil, o livro é de uma leitura fácil, divertida e que vai fazer com que cause boa figura perante os seus amigos cinéfilos e com que pareça um nerd pseudo-intelectual perante os restantes!

Com edição portuguesa pela Tinta da China, com apresentação de Pedro Mexia.

Pequenos Crimes Entre Amigos (1994)


T.O.: Shallow Grave

Em 1996, Danny Boyle apresentava Trainspotting, um excitante filme sobre drogas recheado de humor negro que era tão sério como divertido. Mas antes disso, depois de uma carreira pelo mundo televisivo, o realizador apresentava o sua primeira longa metragem para cinema, Pequenos Crimes Entre Amigos, o filme que serviria, juntamente com Trainspotting, como rampa de lançamento de Ewan McGregor.

Três amigos, Alex (McGregor), David (Christopher Eccleston) e Juliet (Kerry Fox), procuram, ainda que num modo descontraído, mais uma pessoa para dividir o apartamento onde vivem. Acolhem fialmente um aparentemente escritor, bastante reservado que não causa problemas. Isto até ao dia em que o hóspede deixa de dar sinais de vida. Depois de entrarem no seu quarto descobrem que o escritor está morto e que afinal ele não é escritor... é um traficante de droga morto por uma overdose. Os três amigos ficam assim com um cadáver e uma mala cheia de dinheiro nas mãos. Depois de deliberarem, ficam com o dinheiro e resolvem enterrar o cadáver.



Com um ambiente negro a contrabalançar com a falsa descontracção de David e momentos ocasionais de humor bem balançado, o filme é um óptimo estudo sobre desconfiança e paranóia entre amigos. Pequenos Crimes Entre Amigos mostra-se uma intressante proposta com as diferentes atitudes dos três personagens que no final põe em causa o real sentido de confiança e amizade.

Pequenos Crimes... é uma óptima primeira obra para cinema de um realizador que teria o seu ponto alto ao arrebatar alguns Óscar com Quem Quer Ser Bilionário (2008), e que parece uma espécie de pré-Trainspotting, a sua obra mais notável.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mestres da Ilusão (2013)


T.O.: Now You See Me

Eis que de vez em quando surge um filme de que ninguém está à espera e se torna um sucesso de audiências. Mestres da Ilusão (Now You See Me) é disso um exemplo.
O realizador francês Louis Leterrier, responsável por uma mão cheia de filmes, entre os quais se destaca Danny the Dog - Força Destruidora, a sua primeira direcção, toma as rédeas nesta película sobre ilusionismo e algo mais. Mas será este filme merecedor de toda a atenção que tem recebido?

O argumento desenvolve-se à volta de quatro personagens ligados ao mundo do ilusionismo ou mentalismo (ou charlatonismo) que, por obra do destino (por destino, entenda-se um personagem misterioso) são reunidos para uma missão que envolve algo maior. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Henley Reeves (Isla Fisher), Merritt McKinney (Woody Harrelson) e Jack Wilder (Dave Franco) recebem cada um uma carta de Tarot com instruções (que aparentemente são simples o suficiente para mágicos decifrarem e não questionarem o porquê de alguém desconhecido os convocar) para um ponto de encontro comum. Lá encontram uma planta de esquemas de ilusionismo em CGI que lhes vai servir para planear um conjunto de 3 truques que irão demorar um ano a preparar. Assim nascem os Quatro Cavaleiros.

Depois de um primeiro espectáculo que envolve o assalto de um banco francês sem deixarem Las Vegas, os Quatro Cavaleiros são alvo do FBI e é aqui que entra Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) a que se junta uma agente francesa (Mélanie Laurent). O elenco conta também com Morgan Freeman, no papel de Thaddeus Bradley, um ex-ilusionista que se dedica agora a arruinar carreiras, desmascarando truques na televisão e Michael Cane que aqui encorpora Arthur Tressler, patrocinador principal dos ilusionistas.

O filme está por si só um bom produto de entretenimento. É fácil de ver, com um elenco sólido (à excepção talvez de Dave Franco) e com uma história complexa mas suficientemente vistosa para manter o espectador interessado a que se junta um bom ritmo. No entanto, é precisamente no argumento complexo que reside a sua maior fraqueza. Enquanto que incialmente o espectador é atraido pela fluidez e magia no ecrã, depressa a história se torna demasiado "enrolada" e cheia de conveniências que retiram a credibilidade. Mesmo após a explicação da primeira ilusão, ainda ficam algumas pontas soltas. A partir daqui, começam os truques impossíveis e a impressão que roubar dinheiro envolto em medidas de alta segurança é canja! Mesmo o final surpreendente é algo que desilude. Pelo meio vão aparecendo alguns clichés (o romace inevitável entre os dois agentes) e uma referência de louvar aos anos de maluquice do Warren Beatty!

Mestres da Ilusão é um filme interessante mas que se perde nos seus próprios truques. Ainda assim não deixa de ser uma boa película para apreciar em conjunto com o kit de magia ao lado! E já vem uma sequela a caminho.



- André Mesquita

Um blog que parecem dois!


Bem-vindos ao Varejador Electrónico! Um blog muita bom, nomeadamente a nível de conteúdos e derivados...

E agora perguntam vocês: "Oh coisinho, e então este blog do varejador a gás é sobre o quê?" E eu digo-vos: "Calma que já ia chegar lá... e parem de falar com a boca cheia, que fica mal."
Pois o Varejador Electrónico pretende ser uma fonte de cultura (já que se acabou o ministério, alguém tem de fazer alguma coisa por ela, coitada) e manter-vos entretidos. Podem contar com criticas cinematográficas de filmes recentes ou com mais idade, antevisões, e noticias.

Para os gamers vão haver também noticias sobre videojogos e retrogaming. Finalmente podem também contar com visões sobre alguns livros (sim, também libertamos o Marcelo Rebelo de Sousa que há em nós) e humor.

Vamos contar com alguns colaboradores que esperamos que venham a aumentar com a idad... hãã, com o tempo.

Sintam-se em casa, vão ao frigorifíco buscar uma cerveja e os amendoins e deixem os vossos comentários como bem entenderem. Todas as opiniões e criticas aqui expressadas são fruto da visão e opinião pessoal do autor, por isso se não concordam estejam à vontade para ir dar banho ao... digo, para comentarem e darem largas à vossa desaprovação!

Fiquem bem, que eu vou ali fazer cócegas ao Jorge Jesus para ver se ele se acalma!

- André Mesquita