quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Woody Allen ou Porque é que gosto tanto do Vicky Cristina Barcelona - Especial Dia do Cinema

 hoje o André achou adequado falar no filme preferido dele, o T2, gosto comum para um bárbaro pouco desenvolvido como ele. Já que mas tarde ou mais cedo iria escrever sobre o Woody Allen, hoje pode muito bem ser o dia.
Com o tema comum das neuroses de americanos de classe média, das relações e do amor, todos os filmes do Woody Allen, mesmo que ele não actue neles, têm a sua "persona" nalguma
personagem. Com mais de 40 filmes filmes escritos e realizados, transpira dos seus filmes uma identidade própria. Os toques autorais são super definidos, muitas vezes a causa que faz um espectador criticar a obra de Woody Allen por falta de variedade. Se vais ver um filme do Woody Allen, vais ouvir Jazz. E vai ser um romance. E a vida das personagens vai estar entregue ao acaso. E elas vão ser depressivas. E questionam-se sobre qual é o sentido de tudo afinal. E fazem terapia.

O extraordinário sobre "Vicky Cristina Barcelona", e que me fez escrever sobre ele em particular, é que é o único filme em que ele divide essa personalidade em duas: Vicky, a mais calma, que analisa todas as situações até à exaustão e que procura as razões lógicas do quotidiano representa o Woody Allen excentrico, neurótico. Destaque para a actuação de Rebecca Hall que com os movimentos,as expressões faciais, a ligeira gaguez enquanto tenta explicar qualquer coisa faz mesmo pensar numa versão feminina dele.
Cristina que representa o "alter-ego" de Woody Allen: atrevida, apaixonada, com uma procura
constante de prazer epicurista que muitas vezes resulta em sofrimento e decepção.
Contrariamente ao que se possa pensar estas duas personagens são amigas simbolizando a maneira de como estes dois comportamentos paradoxais fazem parte da vida de todas as pessoas. Elas são a personagem principal.

Estas duas amigas, de passagens por Espanha, conhecem o pintor Juan Antonio (Javier Bardem), recentemente divorciado, que as convida para passar um fim de semana com ele. A partir daí Woody Allen leva-nos numa viagem por Espanha, não só nos Locais onde decorre a acção mas também na acção em si. A cultura espanhola e os ambientes latinos promovem as linhas da relacionamento entre cada uma das mulheres e ele. No entanto Juan Antonio nunca esquece Maria Helena, a perturbada ex-mulher (Penélope Cruz está brilhante enquanto ex-mulher do próprio marido, a química entre os dois é incrível), e a chegada dela à vida deste triângulo amoroso provoca ainda mais peripécias e dúvidas no coração de Juan Antonio.

Com o filme Woody Allen consegue divertir-nos e mostrar grandes pormenores da cidade de Barcelona. Os seus habitantes são as suas personagens clássicas,  que se tentam entender a elas próprias duma forma autêntica e contemporânea.

Terminator 2: Judgement Day (Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento) - Especial Dia do Cinema


Muitas pessoas me perguntam (bem, muitas não... cerca de 6, vá...) qual é o meu filme favorito. E a todas elas eu respondi e responderei, sem exitação, "Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento" (sim, com o nome completo e tudo!). E antes de começarem a julgar-me, não, eu não sou aquele típico enfardador de cinema de acção e efeitos visuais e que acha que os filmes mais intelectuais são bons para ferrar o olho. Eu gosto genuinamente de T2 (vamos chamar-lhe assim, já que somos tão íntimos) e orgulho-me disso. Passo a explicar:

T2 estreou em 1991, realizado por um fanático dos efeitos visuais que dava pelo nome de James Cameron (para os menos snobs aqui, é o tipo que fez o Titanic e o Avatar). Cameron, que se tinha estreado a trabalhar no cinema pela mão de Roger Corman (quem? Estudassem!), teve a oportunidade de realizar a sua primeira longa metragem quando Corman lhe entregou esse grande clássico do cinema coiso, Piranha II - O Peixe Vampiro, em 1981! Um filme tão bom que Cameron preferiu usar nos créditos o nome H. A. Milton! No entanto esse projecto deu-lhe algum espaço para concretizar um sonho seu (literalmente), em que, reza a lenda, James visionou uma caveira metálica que surgia das chamas. Prevenido como ele era, o jovem James agarra no seu bloco de mesinha-de-cabeceira e anota tudo o que tinha sonhado... Bem, para dizer a verdade, não sei se ele fez mesmo isso, mas suponho que o tenha feito, porque se for como eu, 30 segundos depois estava-se a esquecer de tudo o que sonhou e depois para me lembrar tá quieto! Mas a sério, qual é a coisa dos sonhos? Será assim tão difcil de nos lembrar-mos do que acabamos de ver? Anyway...


Como base nesse sonho, Cameron realiza então em 1984 o filme que lhe daria notabilidade, uma pequena obra de série B que dava pelo nome de Exterminador Implacável, um filme de baixo orçamento, que utilizava técnicas de miniaturas e stop-motion engenhosas para criar uma ambiente opressivo com um Schwarzenegger que encaixava como uma luva no papel de vilão monosilábico e que o projectaria para o estrelato. O filme dava uma visão negra do futuro, com as máquinas a destruirem a quase totalidade da Humanidade. Uma metáfora (por enquanto) da influência que a tecnologia assume na vida das pessoas. Se em 1984 era verdade, hoje ainda mais o é! Depois do sucesso de Terminator, Cameron foi convidado para realizar uma sequela para o clássico de sci-fi "Alien - O Oitavo Passageiro". O resultado foi "Aliens - O Recontro Final", que trocava o terror pela acção, mas que resultava exemplarmente bem e que hoje é considerado uma das melhores sequelas e filmes de acção de sempre.

Sempre interessado nas possibilidades visuais do cinema, Cameron lançaria em 1989 "O Abismo", onde pôde usar efeitos visuais até então revolucionários e que serviriam como uma espécie de aquecimento para o que viria depois. E esse depois seria T2.
Aperfeiçoando o que tinha aprendido e desenvolvido desde os tempos de Corman, James Cameron lança-se então numa sequela do bem sucessido Terminator, com um orçamento muito maior, e com um Schwarzenegger de volta, já com os estatuto de estrela, mas desta vez no papel de bom da fita. 


Quando vi pela primeira vez T2 foi na televisão. Deve ter sido por volta de 1993 ou 1994. Foi um filme que me saltou à vista por uma única coisa: os seus efeitos visuais. Ver o T-1000 passar de aspecto humano para metal líquido era como visualizar Deus num ecrã. Era a coisa mais fixe de sempre. Com o passar do tempo dei por mim a pensar "sabes o que faz falta na televisão? Mais Exterminador Implacável II - O Dia do Julgamento! A televisão devia passar mais Exterminador Implacável II - O Dia do Julgamento". A partir daí cada vez que T2 passava na RTP, eu via religiosamente e adorava cada pedaço explosivo daquele milagre da cinematografia. Foi o primeiro filme que eu compreendi inteiramente. Nascia assim O Meu Filme Favorito.

E sim, eu admito, tudo por causa dos efeitos visuais! Mas no meio disto tudo, considero-me um sortudo. T2 é o meu eleito porque teve tanto impacto em mim em criança, mas hoje olho para ele como o mesmo regozijo com que olhava para ele pela primeira vez. Terminator 2 é acima de tudo, um filme sólido, em que os efeitos visuais não envelheceram nem um bocado e que ainda hoje são mais convicentes do que muito CGI que se vê hoje em dia em mega produções. A história é concisa o suficiente (embora meta viagens no tempo pelo meio) para prender e convencer o espectador do inicio ao fim, a fotografia é uma pequena maravilha, Arnold Schwarzenegger no papel de T-101 é perfeito com o seu tom e sotaque, Edward Furlong é um convicente John Connor recém-adolescente e Robert Patrick encarna na perfeição o cyborg feito de metal liquido que é T-1000 e as sequências de acção são do melhor que já se fizeram até hoje no cinema (aquela perseguição de camião!). Sim, sou um sortudo por me ter fixado em T2 e não num monte de CGI mal amalgamado qualquer (cof, coftransformerscof, cof).
De realçar só que embora esteja interessante como curiosidade, é de evitar a versão extensa, uma vez que quebra muito do ritmo da acção, mas não deixa de ser essencial quando vista posteriormente à versão de cinema.