terça-feira, 14 de julho de 2015

Ex Machina e as três leis de Asim--Garland



Alex Garland, argumentista responsável por 28 Dias Depois de Danny Boyle ou Dredd, criou, neste que é também o seu primeiro projecto enquanto realizador, um filme inteligente e fresco no género da ficção científica. O cineasta britânico deixa de parte os lugares-comuns dos blockbusters contemporâneos e foca-se nas relações entre os seus personagens e nas implicações morais e éticas de criar uma Inteligência Artificial.

Ganhando um concurso aleatório na empresa onde trabalha, a maior distribuidora de Internet do mundo, Caleb é convidado a passar uma semana na isolada e futurista residência do enigmático patrão. Nathan explica-lhe que a visita de Caleb não é puramente social mas que, durante aquela semana, irá testar Ava, um modelo robótico feminino com uma Inteligência Artificial que ele próprio desenvolveu e avaliar se esta possui as características que transcendem a simples programação.
A partir daí, e ao longo de sete sessões separadas por títulos, assistimos ao adensar da relação entre Caleb e Ava, e tal com ele somos cada vez mais surpreendidos pela personalidade de Ava e pela sua forma de olhar o mundo.

O trio de actores está muito competente: Domhnall Gleeson enquanto o jovem e tímido programador que descobre uma verdade maior do que a que julgava existir, Oscar Isaac prova que é um dos actores mais promissores desta geração ao ser o igualmente carismático e misterioso milionário Nathan mas é a menos conhecida Alicia Vikander que surpreende como a face (e mais tarde a totalidade do corpo OH YEAH FRONTAL NUDE) de Ava e mostrando uma personagem que cresce e se torna subtilmente mais complexa com o desenrolar da narrativa. Alex Garland cria diálogos ricos entre estas personagens, quer sejam pela componente filosófica da premissa do filme no caso das sessões-teste entre Caleb e Ava ou algo desconcertantes entre Nathan e Caleb e que contribuem para o aumento do clima de tensão entre os dois homens. Os seus motivos e ambições são gradualmente revelados até ao clímax, insinuado de forma inteligente em cenas anteriores.

Ex Machina levanta a questão da possibilidade de conceber uma Inteligência Artificial, mas vai mais longe, põe em causa a verdadeira natureza do homem quando tem à sua disponibilidade os meios para criar vida.